25/12/2013

A (minha) Família Escada

Há pouco mais de uma semana um "estranho" acaso do destino fez-me bater os olhos numa reportagem do Correio da Manhã: uma mãe, acabada de enviuvar, era atirada para uma situação limite, para lá do limite, com a morte do marido. Dir-me-ão que estórias tristes e difíceis são, infelizmente, aos milhares. Dir-vos-ei que os meus braços não chegam para abraçar o mundo, mas chegam para abraçar a Teresa Escada, o Hugo e o pequeno Afonso.
Senti - e sei lá porque é que senti - que alguma coisa tinha de ser feita. Sou uma pessoa bastante prática, e organizo mentalmente as necessidades dos outros com grande eficácia (claro, tinha de ser, é mais fácil esse pragmatismo e organização com os outros do que comigo...). Liguei para a redação do Correio da Manhã, pedi à jornalista que assinava a peça o número da D. Teresa Escada, liguei-lhe enquanto publicava um apelo na minha página no facebook e "tagava" meio mundo. Durante a conversa, de duas boas horas, criei um "evento" no dito facebook, recebi respostas muito imediatamente, ouvi, amparei com palavras, fui adotada e percebi, sem qualquer lamechice, que o maior contributo que podia dar para a felicidade daquela mulher, era ombro, mimo e presença. Como é que se equilibra a necessidade de - perdendo o orgulho, coisa que acho extraordinária face ao que o nosso mundo é - pedir ajuda porque estamos no limite e temos filhos para alimentar, e a dor excruciante de perder o Amor da nossa vida? A Teresa não perdeu o marido, perdeu o companheiro que pediu a Deus para esta jornada chamada vida.
A quantidade de pessoas que se reuniu em torno do meu apelo é fabulosa. Pessoas que conheço, pessoas que não conheço. Pessoas que são gente e têm o coração desempoeirado. Ontem, o Natal da família Escada foi muito diferente do que teria sido não tivessem os meus olhos pousado no Correio da Manhã. Só que o meu Natal, por isso mesmo, também foi muito diferente.

http://videos.sapo.pt/CmOd09PP56Am60mcbtcQ

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