17/03/2014

Dating the City

Tenho trauma de domingos. É um dia que me leva sempre à antecipação das aulas em pequena, à troca entre mãe-e-pai-e-avós (sina dos filhos de pais divorciados no antigamente, entretanto isto já sofreu tudo um up date) ou  às manhãs de segunda e o péssimo abrir de pestana e horas de escritório pela minha frente, ai.
Também os há bem simpáticos, manta e quente e sofá aninhados a ver séries pirateadas e filmes bons, chá e jazz e os miúdos. Mas o Inverno foi-se. E ainda estão para chegar os domingos de sol e sal na pele (não ponho os pézinhos na praia há, literalmente, dois anos e meio - saúde/saúde/trabalho/saúde).

Domingo acordou-me madrugador, às oito. Preguiça, passear os miúdos, compras de improviso para o almoço. Spaghetti al dente como eu sei fazer tão bem, ovos estrelados mal passados em azeite, salsichas vegetarianas d-e-l-i-c-i-o-s-a-s (assim a saber às de boa qualidade). E agora, onde é que vamos? Vamos ao Santini comer um sorvete. Ok. A pé.

É um lugar gasto e chato de tão banal que é, dizermos que não aproveitamos a cidade, que Lisboa é uma delicia, que tem uma luz ímpar, que os estrangeiros vêem em fim de semana e nós? que não olhamos sequer para o lado. Pois eu conheço muito bem a minha cidade, habitualmente estou a par dos sítios mais giros, tenho roteiros muito meus e sou alfacinha de todos os costados. E não guio, pelo que costumo palmilhar quilómetros.

Muito bem, prontos? Rato, virar na Rua da Escola Politécnica. E parar onde apetecer.
"Porta" do Jardim Botânico. "Acreditas que nunca entrei aqui?" - Sim, acabei de pregar que conheço muito bem Lisboa mas o Botânico... pois. Atravessou de imediato a rua e aí vamos nós. Não há barulho. Não há carros (estão ali a meia dúzia de metros, mas não se ouve ou pressente o trânsito). Também não há bichos, só dois patos que antipaticamente não responderam aos meus quack-quacks. E o estado de conservação do Botânico... à imagem e semelhança da conservação do país. Mas tem muitas árvores. Cheira bem a calor. Sabiam que o calor cheira?

Loura Botânica no Canavial
Shirt da minha Not A WonderWoman, colecção-cápsula 03.14, linha Spiritual Chic |
Colar da É a Minha Mãe Que Faz || old gold skinny jeans da Zara (2011) |
tennis shoes Stradivarius Chiado (a que vale a pena, saldos 2014)

Voltamos à Rua da Escola Politécnica e a caminho eu gozo "Ahhhhh poluição sonora, trânsito, stress, urbanidade... nham nham", e já está um parvalhão parado no meio da rua, à espera que a criança volte da padaria com as carcaças sem querer saber dos da fila que estão a aturar-lhe a estupidez. Nem ligo.
Seguimos. Eu estou sem mala, coisa inaudita, levas a mochila da máquina-fotográfica-croma-xpto e eu armo-me em gajo e levas tu a minha carteira e a escova e o casaco pro frio logo. Se é natureza é contigo, se é cidade é comigo. Então, já foste à Embaixada? Não? Agora brilho eu. A ideia é entrar sem vontade de comprar coisa alguma (até porque há uns doidos que pretendem vender uma espécie de doctor's bag em vime por 99 €, ahahahahahhaahhaah), mas espreitar tudo. Adoras e gozamos com os nus, os preços e a miséria nas traseiras de um sítio fantástico. Seguimos.

As lojas da Embaixada
O relógio BCBG do café da Embaixada
A miséria triste das traseiras da Embaixada: a vista da varanda do café |
These tennis shoes are made for walking in Embaixada | Teto e candeeiro maravilha na Embaixada
Up view do café da Embaixada
Moças-roliças-e-desavergonhadas nas paredes da Embaixada

Vamos ao jardim, está uma bebé gorduchinha linda e cool a rir-se para mim. Bem, ali em cima fazia um estúdio de pintura fantástico. Queres ir ver as ruelas giras atrás da Rua do Século? E vamos, a pensar em roubar as casas às pessoas (que não o conteúdo). Voltamos e seguimos pela D. Pedro V. Naturalmente, paro para fazer festas e fazer baby talk a todos os patolas que passam por nós, que me abanam o rabiosque e (me) cheiram a Nonô e o Vasquinho (os miúdos estão em casa a fazer a sesta). Chegamos ao miradouro de São Pedro de Alcântara, apinhado mas fazível, e espreitamos os cães no andar de baixo e a luz da cidade refletida no Castelo. Descemos, eu quero uma fotografia com o cauteleiro na Praça de São Roque mas já é maluqueira a mais para ti, já me aturaste a querer pendurar-me numa árvore no Jardim Botânico e a perguntar pelos Dinossauros no Museu de História Natural ("Não há dinossauros? Vou-me embora" - E fui). Como me recusaste a foto, digo-te que aquela sex shop é uma porcaria, e abres conservadoramente muito os olhos, a repreender-me. Passamos por uma gravura do Salazar e digo-te que é pena faltar tanto tempo para os teus anos. Ah ah ah. Vamos ao Café Royale.

Traseiras da Rua do Século
Miradouro de São Pedro de Alcântara | Emerald Green Mint in the City |
Loura Dating the City

Entramos, e toda a gente me fala. É um dos meus sítios em Lisboa. Adoro tudo. Ali escrevo tudo, ali lambuzo-me na tarde de maçã ou no bolo de chocolate. Chá de Eterno Verão e Limonada dos Bosques. Sabe tudo a calor. Vais à net e vamos embora, meia hora depois.
Descemos mais um bocado e estamos na Garret. E chegamos ao Santini, insisti em caminhar pela esquerda mas foi só por causa dos restos de sol, e está uma fila do demónio. Eu afinal não quero um gelado do Santini. Eu também não. Sofá do Starbucks com um pote de frapuccino de café e caramelo, bombas calóricas das boas. Moleza boa...............................................................

Chá do Eterno Verão & Limonada dos Bosques by Cafe Royale |
Mobile-Hamsa-Golden-Cover  direta de Casablanca by my BFF Diogo |
Os (meus) Ray Ban que ambos usamos
Marta-Marlene (ao estilo Victor-Victória) no Starbucks do Chiado

A ideia era voltarmos no 28, o elétrico. Mas esqueci-me dos bilhetes pré-carregados em casa e aquilo assim a seco é caro para xuxú (2,50 €). Por esse dinheiro, vamos de táxi. Faltam 15 minutos para o Sporting-Porto, não é lagarto? Chegamos, relato na TSF, bola no computador, humanos a caputar. O scp marca, eu tento torcer pelo empate, há vermelho e o Quaresma para a semana também não joga. Jantamos castanhas e torradas de pão alentejano? Sim. Que domingo maravilhoso.

Não precisámos de gastar gasolina nem neurónios no trânsito. Nem parques de estacionamento e parquímetros. As entradas no Jardim Botânico custam 2 € por pessoa. O Chá do Eterno Verão e a Limonada dos Bosques, 4,90 €, no Café Royale. Abusamos no Starbucks, 6,50 €. E como somos preguiçosos, algo idosos e a bola estava quase a começar (e eu esqueci-me dos bilhetes pré-carregados), 5,10 € no táxi. O passeio ficou em cerca de 10 € a cada um. Mas fazia-se bem por 5 ou apenas 2 €. Ou até por nada.

E não é que me apetece que seja domingo outra vez?
Love dating the city.

Fotos/Créditos: Moi-zinha e Afonso Azevedo Neves

2 comentários:

  1. :-) A menina devia ser a Carlota do Blog da Carlota!! <3

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  2. Ai o Amor é lindoooo! Lisboa assim...ao fim de semana também...quanto ao Jardim Botânico...a menina já lá tinha ido sim...comigo...noutras eras...mas sim...Texto magnífico...fotos excelentes....descrição cheia de imagens que até deu vontade de sair de Castelo Branco á procura de um parceiro de caminhada e ir ir ir num dating com a city onde nasci. Bjinhosssss louraça gira!

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