Com 49 anos, uma super carreira como top-model, umas enormerrimas pernas, alta e cheia de estilo, designer favoritti de musas Hollywoodescas e Primeiras-Damas e, ainda por cima, namorada do Mick Jagger, é inevitável: não era esta a vida perfeita, o corpo perfeito, a profissão perfeita, o casalinho perfeito? Não. Claro que não. A imperfeição toda da sua vida levou-a a abandoná-la de uma forma violenta - em 90% dos casos, as suicidas opta por comprimidos, a mais clean e organizada forma de morrer (e os homens optam por coisas bloody e desarrumadas, tiros auto-infligidos, mergulhos para o precipício, linhas de comboio). Primeiro erro na nossa tão judgmental forma de viver: não, ela não tinha tudo. Não. Ela não era feliz.
Segundo erro de julgamento preconceituoso, que já ouvi: foi coca. Cocaína. Se o Seymour Hoffman foi um cocktail, esta foi de linha. Erro. Lá que psicotrópicos a rapariga consumisse, ninguém teria nada a ver com isso.
Então? A empresa de L'Wren Scott estava desfeita. Vestiu todas as A-List Stars, a Oprah, a Michelle Obama. Mas em 2012 já acumulava dívidas, os fornecedores dos maravilhosos tecidos que esculpia falhavam-lhe todos os prazos, não encontrava parceiros de negócios decentes. O ano passado saia uma maravilhosa colecção nascida da colaboração L'Wren Scott-Banana Republic, e a depressão agravava-se às suas profundezas. Parece que queria aquilo que dizem que todas queremos, o trio-maravilha marido-sucesso-filhos, o Mick já tinha muitos - filhos e casamentos. A falência estava iminente, com quase 8 milhões de dólares de dívidas. E o looping de sentimentos, impotência, frustração, dúvida e sensação de falhanço e afundar a que uma depressão nos sujeita, terá sido simplesmente demais. E depois vem os preconceitos versão-ponto-três: eh pá, o Mick pagava. Pelos vistos não.
Eu sei muito bem do que falo. Foram muitos anos, uma década quase. A imobilidade, inoperacionalidade a que uma depressão nos remete é tão gigante e avassaladora, mesmo quando se finge a total funcionalidade com primor.
Acho que um mulherão como a L'Wren Scott, que desenhava coisas lindíssimas e que (para quem goste do género) tinha a sorte/azar de ter aquele namorado, devia viver até aos 149. Ela vestiu a Sarah Jessica. Ela vestiu a Nicole Kidman, a Oprah, a Madonna. Ela vestia amiúde a Christina Hendricks, do Mad Man, aquele mulherão de peitaça e anca larga que quer lá saber se acham que ela é curva a mais. Por paixão a um vestido dela, a Primeira-Dama dos USA e a Sarah Jessica vestiram o mesmo modelito, aquele no no que ninguém quer ter no curriculum.
E sabem que mais? Quando a L'Wren vestia estes vestidos todos, ficavam-lhe muito melhor do que a elas todas. Há um ano, a sua colaboração com a Banana Republic era aclamada - eu vestia tudinho.
Se valia a pena ficar por cá? Valia, claro. Ao menos alguém a tivesse conseguido amparar e dizer que aquilo passava.
A colecção com a Banana Republic (L´Wren Scott ao centro): U-A-U |
O infame vestido que seduziu Michelle Obama e Sarah Jessica Parker |
La Sarah Jessica, num L'Wren Scott icónico | Nicole Kidman e Jennifer Lawrence em L'Wren Scott's tubo, em golden nude, completamente dentro das tendências da próxima estação apesar do par de aninhos. |
Christina Mad Man Hendricks, mulherão de curvas assumidas |
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